Monday, February 28, 2011

Cloro, cigarro & fumaça


Solidão &
cigarro:
Dupla!
E a noite
não se revolve
atira
e lambe
sádica
minh’alma
saboreando
saudade...
A noite &
meu corpo
desleixado
no colchão quente
da estreita
cama
A piscina
convida-me
com sua água azul, atrofiada
tão solitária quanto...
convida-me (pela segunda vez!)
a agitar
sua água triste
anestesiada de cloro
aceito!
como convite de festa
& mergulho de ponta
em outra dimensão
minhas lágrimas salgam
a água azul clara da piscina
que tem vontade de ser mar...
toda piscina deve ter inveja do mar
do mar que é livre &
gigante!
o oceano está longe, longe...
meu pensamento derrama em ti
vai & vai...
como movimento das ondas manuais
que faço nessa água fria
cigarro acende, apaga...
imagino
desenhos na fumaça
teu rosto macio, pernas douradas
sorriso: tiro certeiro...
na fumaça!
onde tu estás agora diabos!?
ah! talvez perder é assim!
uma falha de percepção
é jogo de azar
vacilo inesperado
erro de calculo
gol contra
aos 45...
breve cochilo na direção
eu perdi...
a direção!
E me faço aqui
cigarro preso entre teus dedos...
Amor é igual cigarro
ascende
faz fogo...
fumaça
depois...
cinzas de livros
que contariam estórias tristes &
sensuais
Mas a verdade seca
é que a noite
não tem misericórdia
dos solitários
o toque do telefone
agora!
ah! quebraria o silêncio de uma eternidade...
mas nem o telefone...
ninguém irá promover
conexão
ligação
integração
com o rapaz mais solitário do norte
estragaria o festim da noite
não iras aparecer...
mesmo ofertando
estrelas & fadas & castelos
não iras aparecer...
E mas uma vez irei rezar
aos bons espíritos
para ao menos
dormir.

Kyssia, Manaus, 17 de novembro de 2009
esse poema permanecia inedito até hoje, dia de sua publicação, o achei em uma pasta de recibos e notas datadas, e saiu do papel velho de nota fiscal de venda de cigarro, para a pagina desse blog

Gamma