Monday, March 04, 2013
Friday, November 04, 2011
Poema Sem título
Agora sim,
podes rir
que levaste
quantidade
absurda
de mim
eras meu batom
meu vestido azul
espelho...
...pode rir...
entro no rio
esse rio escuro
como meu quarto
como meus dias
esse rio gélido...
como meus dias gastos
pela tua ausência
o rio negro
talvez leve
parte dessa tristeza
quase radioativa
essa tristeza negra
cor de café
cor de carvão
cor de petróleo
cor de rio negro
sou um silêncio,
mas um silêncio...
sinistro, longo
daqui pra Netuno
silêncio longe
daqui pra buraco negro qualquer...
a engolir naves.
Minha cidade
que foi povoada de você
agora é fantasma
mais fantasma
que Chernobyl
Sei que amor
é complexo como astrofísica
é ciência oculta
é uma questão do tempo
que é um Deus
Queria ser bicho
bicho não sofre
por amor
Talvez amor
foi feito pra humanos...
Mas
tudo muda
a natureza
o curso das águas
estrelas morrem
e outras ascendem
breve não serei
a mesma mulher
apagada
e como um rio,
vou passar
e vou sorrir
como carrossel acesso
como roda gigante de parque
acesa!
gargalhando...
roda gigante
girando
com casais comendo maçãs do amor...
girando, como o tempo
sorrindo
como o carrossel.
Gamma 2008
Mais poema achado, na bagunça de papeis que não dei fim, escrito
sem título. Mas uma vez invadi a alma da mulher.
Permaneceu sem título mesmo. Não consegui encontrar um título...
Mas a imagem é a cidade fantasma de Prypiat, da ex União Soviética.
Saturday, October 22, 2011
Tudo que tenho e que sou
Monday, February 28, 2011
Cloro, cigarro & fumaça
cigarro:
Dupla!
E a noite
não se revolve
atira
e lambe
sádica
minh’alma
saboreando
saudade...
A noite &
meu corpo
desleixado
no colchão quente
da estreita
cama
A piscina
convida-me
com sua água azul, atrofiada
tão solitária quanto...
convida-me (pela segunda vez!)
a agitar
sua água triste
anestesiada de cloro
aceito!
como convite de festa
& mergulho de ponta
em outra dimensão
minhas lágrimas salgam
a água azul clara da piscina
que tem vontade de ser mar...
toda piscina deve ter inveja do mar
do mar que é livre &
gigante!
o oceano está longe, longe...
meu pensamento derrama em ti
vai & vai...
como movimento das ondas manuais
que faço nessa água fria
cigarro acende, apaga...
imagino
desenhos na fumaça
teu rosto macio, pernas douradas
sorriso: tiro certeiro...
na fumaça!
onde tu estás agora diabos!?
ah! talvez perder é assim!
uma falha de percepção
é jogo de azar
vacilo inesperado
erro de calculo
gol contra
aos 45...
breve cochilo na direção
eu perdi...
a direção!
E me faço aqui
cigarro preso entre teus dedos...
Amor é igual cigarro
ascende
faz fogo...
fumaça
depois...
cinzas de livros
que contariam estórias tristes &
sensuais
Mas a verdade seca
é que a noite
não tem misericórdia
dos solitários
o toque do telefone
agora!
ah! quebraria o silêncio de uma eternidade...
mas nem o telefone...
ninguém irá promover
conexão
ligação
integração
com o rapaz mais solitário do norte
estragaria o festim da noite
não iras aparecer...
mesmo ofertando
estrelas & fadas & castelos
não iras aparecer...
E mas uma vez irei rezar
aos bons espíritos
para ao menos
dormir.
esse poema permanecia inedito até hoje, dia de sua publicação, o achei em uma pasta de recibos e notas datadas, e saiu do papel velho de nota fiscal de venda de cigarro, para a pagina desse blog
Gamma
Thursday, January 06, 2011
Reviro & reverso
escancarada
pra ver o tempo voar
Orgânico é o som
do teu beijo
Revival são fotogramas
que revejo
O céu é azul porque é menino
ah se fosse menina
?seria cor-de-rosa?
Miro as estrelas penduradas
no espaço aberto
imensidão louca
& nebuloso deserto
Não existe poeta
sem estrelas no céu da boca...
Vivo dias aqui,
outros ali
e no fim de tudo
pode dar música, poema
ou piada
Até o sorriso
da garota de aluguel
estrela vulgar
a vagar
em voga
pode dar vogal
no final
“ai” de gozo
O que nas ruas
filas de banco
salas de espera
bares ou cafés
converso
no final do dia
reviro e reverso
e jogo tudo num verso
Gamma
Wednesday, November 10, 2010
Felicidade clandestina # 2
De todos os desencontros
surpresas
e sentimentos inesperados
que tinha por direito
e a obrigação
de ter
Eu escolhi você.
De todos
os desacertos
infrações
e crimes imperfeitos
que podia,
Escolhi você.
E das mortes que optei
antes de descer na terra
dentre tantas
escolhi
morrer de amor
entre tuas pernas
ou de baixo de teus pés.
De todas as tragédias,
libertinagens
e delitos
listados no menu
que tinha por direito
Eu escolhi você
De todas as loucuras
vontades clandestinas
e paixões sem rotas
jogadas como cartas na mesa
ofertadas pelos deuses
Eu escolhi você
De todos os acontecimentos
bombásticos
que marcariam para sempre
e que por obrigação
haveriam de estarem registrados
em minha história,
Escolhi você
De todos
desejos ilegais
alojados
nos subúrbios da alma
e conflitos turbulentos
que eu podia ter,
Escolhi você.
De todas as fugas
em direção
aos paraísos proibidos
que tinha por benção
nessa vida
Eu escolhi você.
Gamma
.
Wednesday, October 20, 2010
Poema da caixa preta
ter lua
estrelas
e sol
Ser o ponta de lança
O porta Standard
O impossível
Inacessível
O exemplo
Pop
Implacável
nas radios
O poema
A raridade
A tampa premiada
A ultima cajuína do deserto
A exclamação
A tecnologia
de ponta
A ponta
da espada
A ponta do dedo do cão
sustentando o avião
no ar
O único tiro
da roleta russa
A bola da vez
A cereja da torta
A pérola da ostra
Eu queria ter
os dois pássaros
nas mãos
O lado A
e o lado B
A bala
que matou Getulio Vargas
Os átomos
da bomba atômica
Se fosse uma data
seria reveillon
Se fosse um carro
seria mustang
cor de sangue
Se fosse musico
seria
Baden Powell
Se fosse herói
seria Che Guevara
Se fosse inseto
seria a mosca branca
Se fosse predador
seria tubarão
Se fosse bandido
seria o Lampião
Se fosse ídolo
seria sagrado
Mas não restou nada
apenas destroços
e cinzas de livros queimados
poemas mutilados
Sem pássaros nas mãos
Minha data é finados
Sou as balas
da metralhadora
do terrorista
não
tenho a lua
nem sol
só o céu
nublado
escuro
sem
estrelas
Sou as últimas palavras
registradas
na caixa preta
da aeronave
que explodiu
e caiu no mar.
Sou a presa
do tubarão.
Gamma
mais um poema antigo que achei, 11.03.1996, escrevi na data de meu aniversário, marcava 16 anos de vida no planeta terra. o título desse poema era "mosca branca", reciclei o poema e mudei o nome, achei mais sugestivo.